A resposta é directa e muito simples: não, nunca é demasiado tarde. Da minha parte, descobri o piano aos 24 anos – por estes dias, marca-se o 7º aniversário desde que comecei a ter aulas –, um pouco por acaso. Queria arranjar um hobby e aprender um instrumento musical foi uma das primeiras opções de que me lembrei. Entre o leque de instrumentos possíveis – do reco-reco à harpa –, nunca tive grandes dúvidas de que o eleito seria o piano. Em retrospectiva, no entanto, diria que a maravilhosa banda sonora de Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain teve algum efeito influenciador na escolha.
Sete anos volvidos, é delicado explicar a relação que se gera entre um músico e aquelas teclas pretas e brancas. Em dias difíceis, é ao piano que recorro, com atenção sempre constante enquanto se desenlaça uma melodia. Não há pensamentos maus no momento em que toca uma peça, qual terapia moldada em notas musicais. Em dias felizes, a música que brota do movimento mecânico dos dedos soa ainda mais encantadora. É uma relação que fica, que vem à memória dos dedos e do coração. E que, mesmo quando não somos nós a tocar aquele acorde, resulta numa empatia reforçada com outros músicos, com outros temas.
Diferentes idades, diferentes desafios
Tenho aulas numa escola de música e, como é natural, os estudantes de palmo e meio (ou até de meio palmo) estão em maioria. ‘É de pequenino que se torce o pepino’, reza o dito popular. E perante isto, os adultos acobardam-se quando pensam em aprender um novo instrumento. Conseguirei aprender? Terei tempo? É preciso ter boa memória para decorar as pautas? Há tantas dúvidas que se instalam. Também eu as tive – e ainda tenho, quando a ‘vida de adulto’ é demasiado ocupada para os treinos ao piano -, mas vou dando os meus baby steps nesta aventura musical.
Há aspectos bons e maus na aprendizagem em diferentes idades. Os miúdos aprendem mais rápido, os graúdos são mais responsáveis. Também têm mais medo de se expor – ao público, ao ridículo, etc. Mas também por isso é positivo ir aprender um instrumento mais tarde – contrariar o medo sempre fez bem à alma!
As notas musicais não têm idade
Gosto, particularmente, do final de um concerto da escola. Entre os mais pequenotes e os mais grandotes, há algo que nos une ali. Mais do que a energia eletrizante, movida a adrenalina, sentem-se os desafios pessoais que cada um de nós teve de enfrentar para pisar um palco e dar tudo de si. A harmonia é mais do que um conjunto de instrumentos. Somos nós, é a sensação vertiginosa de que criámos qualquer coisa.
Vantagens de tocar piano
Ainda indecisos sobre iniciar uma relação de longa-duração com um instrumento musical? Nada como dar uma espreitadela às vantagens de tocar piano:
redução do stress
melhoria da coordenação olho/mão
aumento da criatividade
maior capacidade de concentração
maior capacidade de memória
(e há quem diga que) maior capacidade cognitiva geral e espacial, assim como uma facilidade redobrada em aprender línguas.
Ah… e conseguir tocar a “Comptine d'un autre été” do Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain, claro está ;)
Quantas caixas são necessárias para empacotarmos três décadas? E quantos reforços de fita-cola deveremos usar, no fundo da caixa, para garantir que tudo o que somos não se desfaz em pó com a mudança? E, já agora, no meio de tanta arrumação, o que deve constar num contrato de arrendamento?
É verdade: vou mudar de casa. E, mais importante, vou sair de casa dos pais. Já vou tarde e a má-horas (passada a barreira dos 30), eu sei, mas vou. Entre a procrastinação, as chávenas de café e as organizações mentais de caixas que tenho de passar à prática, algumas questões mais burocráticas têm-lhe ocupado o tempo. Sobretudo todos os contratos necessários (arrendamento, água e luz).
É curioso: como jornalista, já escrevi muito sobre aspetos legais e boas-práticas do arrendamento. Desde as perguntas obrigatórias antes de arrendar uma casa aos requisitos do Porta 65 (para os mais distraídos, o programa de apoio ao arrendamento jovem).
Mas tudo é diferente quando é connosco, certo? Ou quando sabemos a ‘teoria’, mas tropeçamos em horários de funcionamento incompatíveis com a nossa vida laboral e outros obstáculos semelhantes.
Mesmo assim – e dado que o tema é assunto central do momento na minha vida – resolvi partilhar alguns aspetos legais sobre o que deve constar num Contrato de Arrenadamento. Pode ser que vos seja útil, como já foi a mim ;) (btw, eu sei que muitos senhorios se esquivam aos contratos, mas é mesmo importante que sejam firmes nesta questão – não só é obrigatório e uma proteção legal para ambas as partes, como vos pode beneficiar nas contas do IRS)
4 coisas a não esquecer no Contrato de Arrendamento
Elementos obrigatórios: o contrato deve identificar claramente as partes (proprietário/a e arrendatário(s)/a(s)) e o imóvel em causa, assim como a licença de utilização, certificação energética, prazo do contrato e montante da renda.
Renovações: O contrato não estipula nada sobre renovações? Nesse caso, assume-se que há uma renovação automática do mesmo, no final do prazo, por períodos iguais.
Elementos opcionais, mas que dão jeito: não sendo obrigatórios, há certos aspectos que podem ser úteis no Contrato de Arrendamento, precavendo algumas situações desagradáveis no futuro. Por exemplo: presença (ou não) de animais de companhia, actividades permitidas, estado actual de conservação do imóvel, procedimentos em caso de necessidade de obras e forma de actualização da renda.
Quem assina – eu, tu ou ambos? Vais dividir casa com alguém? Nesse caso, o melhor é que todos os arrendatários assinem o contrato. Desta forma, a responsabilidade e os direitos são legamente divididos por todos/as. Ah! E lembrem-se também de incluir no contrato eventuais garantias de fiadores.
E agora… de volta às arrumações e às caixas. Quem diria que a máquina de fita-cola passaria a ser a minha melhor amiga?
Viver em Lisboa é saber que, por esta altura do ano, vive-se a cidade em tons de roxo. As flores de Jacarandá inundam várias ruas da cidade, num ritual anual de fim da Primavera e início do Verão. No chão, um tapete de pétalas roxas rivaliza com o glamour de qualquer passadeira vermelha. Se, nesta altura do ano, Lisboa fosse um filme... seria certamente realizado por Wes Anderson [e, já agora, protagonizado por Michael Fassbender, uma vez que o actor já tem casa em Lisboa].
De tirar o fôlego, jacarandá a jacarandá. E um bom reminder de que, muitas vezes, é melhor procurar outras perspectivas e pontos de fuga que não o chão.